Contradança com “Clássico” inicia festival no Largo da Praça

A noite era uma daquelas com temperatura tropical, o local era o emblemático Largo da Praça na vila do Paul, a adesão das pessoas esteve a bom nível, a prestação dos intervenientes da peça de teatro exibida foi segura e competente, tudo isto, resultou num momento cultural de qualidade e marcante, tudo isto, aconteceu no arranque do ContraDança – Festival de Dança e Movimento Contemporâneo com a peça criada e dirigida por Vera Mantero “ Um Clássico” e interpretada por Carmo Teixeira e Sérgio Novo.

Num palco montado quase ao nível do chão, esta encenação captou o interesse e atenção do publico que afluiu e que soube manter-se em silencio, para seguir, os jogos de palavras, a gestualidade e sons produzidos pelos atores, a banda sonora que veio beber ao cancioneiro do Paul, o relembrar a memoria coletiva que de algum modo confirmou o que era apresentado na sua sinopse: “um Clássico atravessa gerações. Toca a todos (porque trata temas que tocam a todos) porque persiste na memória coletiva. Um Clássico representa ideias da época em que é criado. Um Clássico representa sentimentos da época em que é criado. Um Clássico mostra paixões intensas e múltiplas. Um Clássico regista a complexidade do seu tempo. Um Clássico inventa a complexidade do seu tempo. Um Clássico retrata um contexto histórico importante. Um Clássico usa (inesperadamente) uma linguagem inesperada. Um Clássico cria expressões exemplares e inusitadas. (Um Clássico usa sempre o antigo acordo ortográfico?!). Um Clássico não se enquadra em nenhum estilo (e é possível que crie um estilo novo). Um Clássico é inovador (mas não era Um Clássico?). Um Clássico repercute-se na vida das pessoas e na vida das (outras) obras. Um Clássico é-nos familiar. Um Clássico nunca pára de dizer aquilo que tem para dizer. Um Clássico é inesgotável. Um Clássico produz efeitos nas consciências. Um Clássico é uma forma de conhecimento. Um Clássico relê-se e redescobre-se. Um Clássico revela. Um Clássico dura. Um Clássico diz não à morte. É isto que nos propomos criar – Um Clássico”.

No final do espetáculo promovido pela Associação de Teatro e outras Artes (ASTA) a dupla de atores recebeu os aplausos do publico durante alguns minutos, seguindo-se depois um dialogo entre eles e os espetadores que teve como objetivo esclarecer os pormenores da peça e algumas escolhas feitas na sua produção.

Estava assim, cumprido o primeiro de 18 espetáculos de companhias e artistas nacionais e estrangeiros, no âmbito do Contradança - Festival de Dança e Movimento Contemporâneo sendo certo que, o festival, assume uma programação "plural", onde mais do que a dança é o movimento contemporâneo o seu "esqueleto e fio condutor", passando por várias linguagens artísticas, como o teatro físico, a música ou a 'performance'.

Refira-se ainda que o festival na sua 9ª edição vai estender-se por diferentes lugares da cidade da Covilhã, mas também outras duas localidades do concelho, como foi o caso do Paul e no Teixoso, são palco do evento.


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