Micologia- O Lactarius deliciosus e o Lactarius chrysorrheus

O Lactarius deliciosus e o Lactarius chrysorrheus
O Lactarius deliciosus (sancha, seta, telheira, pinheira, cenoura, verdete, laranjinha) é um cogumelo excelente comestível, muito aproveitado na zona raiana mas ainda pouco conhecido nas povoações mais interiores da nossa Região.
No que respeita a intoxicações, não se tem ouvido falar na comunicação social da existência de qualquer ocorrência grave no decurso da apanha do Lactarius deliciosus e consumo inadvertido de alguma espécie semelhante mal identificada.
No entanto, esta espécie tem vários “sósias”, muito semelhantes ao nível do chapéu, podendo, para os menos esclarecidos, criar algumas dificuldades na sua identificação e levar à sua posterior ingestão.
No nosso país, as confusões ocorrem normalmente com o Lactarius chrysorrheus, espécie que, em termos de literatura, é considerada sem interesse culinário ou apenas responsável por ligeiros e passageiros distúrbios gastro-intestinais.
Estando-se na posse de um testemunho relevante, que contraria a versão expressa anteriormente e que aponta para a gravidade do consumo reiterado do Lactarius chrysorrheus, entendeu-se ser oportuno dar conta de algumas dificuldades que podem surgir na identificação do Lactarius deliciosus.
Para esclarecimento dos apanhadores e obviar, no futuro, a assumpção de erros que por vezes se cometem, abordam-se as principais características diferenciadoras das duas espécies.
Estas duas espécies, que exsudam um latex quando os tecidos são lesados, característica associada ao género Lactarius a que pertencem, são micorrízicas, ou seja, vivem em associação mutualista com raízes de plantas: o Lactarius deliciosus está presente em algumas coníferas e é frequente em povoamentos jovens de pinheiro manso e pinheiro bravo; o Lactarius chrysorrheus encontra-se em algumas folhosas, nomeadamente no castanheiro, carvalho e azinheira.
Ambas frutificam na época de Outono, aparecendo os cogumelos mais cedo ou mais tarde, muito em consonância com as dinâmicas de precipitação nos meses de Agosto a Outubro, podendo a sua presença, em áreas mais amenas do nosso país, estender-se aos princípios do Inverno, dependente das datas de ocorrência das geadas mais rigorosas.
(Continua)
José Luís Gravito Henriques, Eng.º Agrónomo

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